“Par de Vasos Yangcai” do Imperador Qianlong e Seu Legado na Arte Imperial Qing

Entre as porcelanas mais notáveis do período Qing, os Pares de Vasos Yangcai destacam-se como uma verdadeira obra-prima da arte cerâmica. Criados durante o reinado do Imperador Qianlong (1736-1795), esses vasos representam o auge da sofisticação e da inovação artística da época, combinando um design refinado com uma paleta de cores vibrantes.

O que torna essas peças tão especiais não é apenas sua beleza estética, mas também sua raridade. Produzidos em número extremamente limitado, esses vasos foram meticulosamente trabalhados por artesãos altamente qualificados, utilizando técnicas avançadas para alcançar um nível de detalhamento excepcional. Seu design único reflete a influência da cultura chinesa, incorporando elementos decorativos simbólicos que remetem à prosperidade, longevidade e harmonia.

Atualmente, essas peças são consideradas tesouros históricos e estão entre as porcelanas mais cobiçadas por colecionadores e instituições de arte. Alguns exemplares foram preservados em museus renomados, enquanto outros passaram por leilões de prestígio, alcançando valores impressionantes.

Neste artigo, exploraremos a história destes vasos, suas características artísticas e a trajetória dessas peças ao longo dos séculos. Além disso, analisaremos seu impacto no mercado de arte e seu papel na preservação da tradição cerâmica chinesa.

A História do Par de Vasos e Sua Origem

Foram produzidos durante o reinado do Imperador Qianlong (1736-1795), um período marcado pelo grande refinamento artístico e pelo incentivo às inovações na manufatura de porcelanas. Durante essa época, a corte imperial encomendava peças luxuosas para decorar os palácios e presentear dignitários. Esses vasos fazem parte desse contexto de sofisticação e exclusividade, sendo considerados exemplos da excelência alcançada pelos artesãos da época.

A produção dessas porcelanas ocorreu nas oficinas imperiais de Jingdezhen, reconhecidas por sua habilidade em criar peças de alta qualidade. Os ceramistas dessa cidade desenvolveram a técnica Yangcai, que incorporava influências ocidentais à tradição chinesa, resultando em um estilo vibrante e detalhado. A introdução dessa abordagem possibilitou o uso de esmaltes mais delicados e efeitos visuais aprimorados, tornando esses vasos especialmente atraentes.

Os primeiros registros destes artefatos indicam que foram originalmente destinados à coleção particular do imperador, sendo exibidas em ambientes de grande prestígio dentro do palácio. Com o passar do tempo, alguns exemplares se dispersaram, seja por meio de heranças, negociações ou conflitos históricos, tornando-se peças raras e altamente valorizadas.

A trajetória dessas porcelanas ao longo dos séculos reforça sua importância dentro da arte cerâmica Qing. Atualmente, são reconhecidas como verdadeiros tesouros da história da porcelana chinesa, com exemplares preservados em museus e outros disputados por colecionadores em leilões de alto valor.

Características Artísticas e Estéticas

Forma e Proporções

Os vasos seguem um modelo clássico de silhueta alongada, com base estável e corpo ligeiramente expandido, finalizado por uma boca suavemente aberta. Essa estrutura permite que os detalhes decorativos sejam distribuídos de maneira harmônica, valorizando cada elemento do design. A simetria impecável demonstra a precisão dos artesãos e a exigência por um acabamento perfeito.

Motivos Decorativos e Cores

A decoração dos vasos combina influências chinesas tradicionais com toques inspirados na arte ocidental, uma característica marcante do estilo Yangcai. Os principais elementos incluem:

Paisagens e cenas naturais – Muitas dessas porcelanas apresentam ilustrações delicadas de montanhas, árvores e rios, evocando a harmonia da natureza.

Flores e pássaros – Símbolos clássicos da estética chinesa, esses motivos representam renovação, prosperidade e equilíbrio.

Tons vibrantes e harmoniosos – O uso de cores ricas, como azul, rosa, amarelo e verde, cria um efeito visual refinado, acentuado pelo brilho do esmalte translúcido.

Acabamento e Detalhes Especiais

O alto nível de detalhamento desses vasos é um reflexo do talento dos ceramistas imperiais. O acabamento minucioso é evidenciado pelo uso de:

Esmaltes brilhantes, que conferem profundidade e suavidade às cores.

Detalhes dourados aplicados à mão, realçando contornos e padrões ornamentais.

Inscrições e selos imperiais, que autenticam a origem e reforçam o status exclusivo dessas peças.

O “Par de Vasos Yangcai” se refere a um único par ou a um estilo de porcelana?

A expressão pode gerar algumas dúvidas sobre seu significado. Diferente de um objeto único e exclusivo, essa denominação refere-se a um modelo tradicional de porcelana imperial produzido durante o reinado do Imperador Qianlong (1736-1795).

Foram peças criadas em pares?

Sim, muitas porcelanas imperiais da Dinastia Qing, especialmente aquelas destinadas à decoração de palácios, eram produzidas em pares ou conjuntos. Essa prática seguia um princípio estético e simbólico:

Simetria e equilíbrio: na cultura chinesa, a presença de dois objetos idênticos representa harmonia e perfeição.

Feng Shui: acredita-se que pares de vasos trazem prosperidade e boas energias ao ambiente.

Design decorativo: palácios e templos costumavam exibir vasos idênticos de cada lado de entradas ou mesas, reforçando um senso de grandiosidade e ordem.

É um estilo ou um conjunto específico?

A expressão “Yangcai” refere-se a um estilo de decoração cerâmica desenvolvido nas oficinas imperiais de Jingdezhen. Esse estilo introduziu novas técnicas de pintura e esmaltação, combinando influências ocidentais e orientais para criar porcelanas vibrantes e detalhadas.

Embora nem todos eles tenham sido produzidos em pares, era comum que peças desse estilo fossem feitas em conjuntos, especialmente aquelas destinadas ao uso imperial. Isso explica por que alguns vasos sobreviventes ainda são identificados como “pares”, mesmo que hoje estejam em coleções separadas.

Então, não se refere a um único par específico, mas sim a um modelo tradicional dentro da produção cerâmica da Dinastia Qing. Muitas dessas peças foram criadas em pares, mas com o tempo, algumas foram separadas e vendidas individualmente. Ainda assim, sua sofisticação e raridade fazem desses vasos um dos tesouros mais cobiçados da porcelana chinesa.

O Caminho ao Longo da História

A trajetória destas relíquias foi marcada por períodos de prestígio, mudanças de propriedade e eventos que contribuíram para sua dispersão ao longo dos séculos. Criados originalmente para integrar a coleção do Imperador Qianlong, essas porcelanas foram cuidadosamente preservadas dentro dos palácios imperiais, onde eram exibidas como símbolos de sofisticação e refinamento artístico.

Preservação e Dispersão das Peças

Durante a Dinastia Qing, muitas porcelanas imperiais permaneceram dentro da Cidade Proibida, protegidas como parte do acervo particular da família real. No entanto, com o declínio da dinastia e os eventos turbulentos do século XIX, como as Guerras do Ópio (1839-1860) e a invasão do Antigo Palácio de Verão (1860), muitas dessas peças foram vendidas ou levadas para coleções estrangeiras.

Além disso, durante o início do século XX, com o colapso do império e a transição para a República da China, a dispersão do patrimônio imperial se intensificou. Muitas peças da coleção real foram negociadas por intermediários, adquiridas por museus internacionais ou passaram a circular no mercado de arte privada.

Localização Atual dos Vasos e Seu Valor no Mercado de Arte

Os vasos continuam a fascinar colecionadores e especialistas, refletindo a sofisticação da porcelana chinesa do século XVIII. Essas peças, originalmente criadas para a corte imperial, são hoje altamente valorizadas no mercado de arte internacional.​

Atualmente, exemplares podem ser encontrados em diversas instituições e coleções ao redor do mundo. Embora muitos tenham sido originalmente produzidos em pares, nem sempre são exibidos juntos devido à dispersão ao longo do tempo. No entanto, algumas coleções mantêm pares intactos, oferecendo aos visitantes a oportunidade de apreciar essas obras conforme foram concebidas.​

Leilões Recentes e Valor de Mercado

O mercado de arte tem testemunhado vendas notáveis destas peças. Em 2018, um vaso imperial chinês raro, descoberto no sótão de uma casa na França, foi vendido por 16,2 milhões de euros (19 milhões de dólares) na Sotheby’s em Paris. O vaso, datado do século XVIII e criado para o imperador Qianlong, permaneceu esquecido durante décadas antes de ser redescoberto e leiloado por um valor surpreendente.

Outro exemplo interessante envolve um homem na Inglaterra que adquiriu um exemplar por uma quantia simbólica em uma loja de caridade. Posteriormente, descobriu-se que o objeto era um tesouro imperial chinês, possivelmente destinado a um dos palácios. O vaso foi avaliado em mais de 80 mil libras (aproximadamente 400 mil reais) e colocado em leilão.

Além disso, em 2018, a Christie’s em Hong Kong apresentou um exemplar excepcional, decorado com uma paisagem e inscrito com um poema imperial. Este vaso foi amplamente reconhecido como um dos mais finos artefatos da Dinastia.

Museus

Museu do Palácio, Pequim (Cidade Proibida): Este museu abriga uma vasta coleção de porcelanas imperiais, incluindo exemplares de vasos Yangcai. A instituição preserva peças que refletem a excelência artística do período, algumas das quais são exibidas em pares, permitindo aos visitantes uma compreensão mais profunda da estética e simetria valorizadas na época.​

Museu Nacional do Palácio, Taipei: Conhecido por sua extensa coleção de artefatos da Dinastia Qing, este museu possui diversos modelos. Pesquisas indicam que o imperador apreciava tanto essas obras que mandava confeccionar suportes e caixas de madeira para acomodá-las em seus aposentos pessoais, demonstrando o valor atribuído a essas peças.

Royal Collection Trust, Reino Unido: A coleção real britânica inclui porcelanas Famille Rose da Dinastia Qing, algumas das quais foram adquiridas durante o século XIX. Entre os destaques, há registros de um par de vasos do período Qianlong decorados com paisagens montanhosas e nuvens estilizadas, exemplificando a habilidade dos artesãos da época. ​

Smithsonian’s National Museum of Asian Art, Washington, D.C.: O museu abriga um exemplar caracterizado por porcelana com esmaltes de silicato de chumbo sobre um esmalte transparente marrom-claro, representando a sofisticação técnica do período.

O “Par de Vasos Yangcai” do imperador Qianlong exemplifica a maestria artística da Dinastia Qing e continua a cativar o mundo da arte. Seja em museus prestigiados ou em coleções particulares, essas peças permanecem como testemunhos da rica herança cultural chinesa e da contínua fascinação que exercem sobre gerações de apreciadores e colecionadores.


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Para visualizar uma imagem de um par autêntico, você pode visitar o Pinterest da Sotheby’s, uma renomada casa de leilões que frequentemente apresenta peças de porcelana imperial chinesa. No link a seguir, é possível ver uma fotografia detalhada da peça: ‘butterfly’ vases, Sotheby’s e yangcai Qianlong Sotheby’s

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